Dias sem pornografia


terça-feira, 17 de novembro de 2015

Qual a postura dos que conseguem fazer o reboot?

Acredito que cada um segue um trilho para conseguir a abstinência de PMO e se livrar da compulsão e dos sintomas do vício. Uns fazem reboot em hard mode (sem P, nem M, nem O), outros no que chamo de reboot normal (sem P e M, mas com O, através de sexo), outros mesclam um período inicial em hard mode com uma passagem a um reboot com sexo logo em seguida - estratégia pela qual sou bastante simpático nos últimos tempos.

Cada um encontra um modo próprio de fazer o reboot. Mas há uma postura que, na minha opinião, é uma constante entre aqueles que conseguem se libertar de PMO: a capacidade de abdicar.

Você está disposto a deletar seu facebook? A excluir ou até mesmo bloquear contatos no whatsapp que te enviam pornografia ou conduzem a conversas eróticas? Está disposto a se afastar de pessoas que te fazem fantasiar e recair? A apagar o Tinder?

O reboot tem um custo. Estamos dispostos a pagar por ele?

É uma lógica de investimento: você se desfaz de algo hoje para ganhar muito mais no futuro. Renuncia aos prazeres danosos que conversas virtuais lhe trariam para colher futuramente prazeres reais, com pessoas reais, e uma vida livre da compulsão do vício.

Ao abdicar, sacrificar algo para eliminar uma fonte de recaída, você está dando um atestado de compromisso com sua liberdade. E digo mais: quanto mais o reboot está capenga, mais se deve abdicar. Porque o reboot só está capenga porque você não abdicou o suficiente, porque ainda há brechas.

Na minha opinião, a lógica de abdicar tem de ser algo certo para o rebooter, uma regra de ouro, onde toda brecha de recaída terá de ser eliminada, sacrificada.

Então, você muitas vezes calculará que não vale a pena nem sonhar em testar se há uma brecha para se ver pornografia, por exemplo, em um tablet onde há bloqueadores os quais você não tem garantia de que são eficientes. Porque você já saberá de antemão que se for bem sucedido em burlar os bloqueadores - e não houver nenhum outro modo de bloquear esse dispositivo - você terá de se livrar dele.

É esse custo enorme (já pensou ter de se livrar de um tablet porque ele se tornou uma brecha de recaídas para você?) que vai lhe desestimular a tentar ficar burlando seus esquemas de segurança. Porque se você conseguir, já haverá a certeza: vou ter de sacrificar ainda mais. Pode acreditar, uma parte de você - aquela que gosta muito desse tablet - certamente fará oposição àquela parte da sua mente que quer tentar uma malandragem ali e burlar o bloqueador desse dispositivo.

Tudo que te faz recair deve ser eliminado da sua vida. Não dá para fazer reboot e ser feliz no facebook por exemplo. Não dá para fazer reboot e manter contato com pessoas que nos fazem fantasiar. Não dá para fazer reboot tendo um computador com bloqueadores e eventualmente não passar o perrengue de ter um site não-pornográfico bloqueado.

O reboot tem um custo? Estamos dispostos a pagar?

Se você quer enterrar aquela velha vida de viciado, vai ter de enterrar junto as coisas e contatos prazerosos que compõem essa vida de viciado.

Haverá um momento em que você já abdicou de tantas fontes de recaídas, coisas e pessoas, que não recai mais. Então, comece já a identificar: "O que ou quem me faz ou pode me fazer recair?". Identificar e eliminar isso da sua vida. Ou então continuar chorando nos fóruns, como se só você fosse viciado, como se só para você fosse difícil.

A recaídas, todos estamos sujeitos. Mas tem uma galera que chora muito, inventa desculpas ("bloqueadores não servem para mim, sou especial"), não quer abdicar, e por isso não consegue o reboot. A postura é: identificar as fontes de recaída, abdicar mais e reclamar menos.

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Recaídas: Devo resetar o contador?

Aqui vai uma concepção pessoal minha acerca de recaídas e resets de contador.

Para mim, observando minha jornada e a de muitos rebooters, cheguei à seguinte conclusão sobre dúvidas a respeito de possíveis recaídas ou sobre zerar contadores: não importa o que você fez. Importa o que você vai fazer daqui pra frente.

Você pode ter praticado M, por exemplo. Recaiu? Depende.
A recaída, na minha opinião, se caracteriza pela volta ao "estado do vício". E o que seria esse estado do vício? A compulsão, aquelas repetições de comportamento que te controlam, que ciclicamente vão te afundando e você não consegue sair desse ciclo vicioso, onde você sempre retorna ao dia 0. O levanta e cai que se repete. Recair portanto (na minha opinião de mero rebooter) é visitar esse fundo do poço e lá permanecer.

Portanto, supondo que você praticou M mas nos dias e semanas seguintes baniu isso novamente da sua vida. Você recaiu? Voltou à estaca zero? Claro que não. É evidente que você, enquanto viciado, vai pagar o custo (alto) desse deslize (piora imediata da ereção, da concentração, fantasias pesadas, retorno da compulsão, ejaculação precoce, etc - não vale a pena "deslizar"). Mas em se mantendo limpo da data do deslize em diante, logo você retorna à condição plena, em menos de 90 dias, o que prova que não precisaria ter zerado o contador.

Agora, se você praticou M hoje, depois pratica de novo daqui uma semana, depois de novo na outra semana e de novo na outra semana... ora, se você não recaiu já está recaindo! Porque o retorno à condição do vício é justamente essa repetição de ciclos, onde se fica alguns dias limpo e logo em seguida se cai. Ciclos cada vez mais curtos, até você praticar PMO todos os dias

Então, o que vai determinar - na minha opinião - se você recaiu ou não após um deslize é se você vai se manter limpo daqui pra frente. Porque a recaída verdadeira é aquela onde você fica ciclando dias limpos com repetitivas quedas logo nas primeiras semanas. Está sempre voltando ao dia 0. É a compulsão. Se você perdeu para a compulsão, você recaiu. Caso contrário, foi só um deslize e você seguiu em frente e manteve-se limpo, livrou-se novamente dos sintomas.

Eu penso que os deslizes podem ser divididos em graves (M - edging), muito graves (MO ou P), gravíssimos (PMO). Qual o critério que uso para essa classificação pessoal? A liberação de dopamina. Penso que a pessoa que praticou MO, como jogou uma bomba dopaminérgica no cérebro (orgasmo), re-fortaleceu mais a rede neural do vício que alguém que praticou M, e menos que alguém que praticou PMO.

Acredito que quanto mais se avança nessa escala de gravidade, mais difícil é retornar à condição de abstinência, embora todos deslizes sejam perigosíssimos e todos eles vão tentar colocar todo seu esforço de reboot por água abaixo. Por isso não se engane achando que você vai poder ficar deslizando e que "depois é tranquilo, só eu parar". Viciado é viciado. Em um deslize o vício nos escraviza novamente.

Aliás, minha recaída após o primeiro reboot se deu assim: começou com M, sobre a qual eu achava ter controle. Depois MO e depois PMO - o fundo do poço. Não vou dizer que eu fui forte o suficiente para neste segundo reboot que está em mais de 300 dias não ter deslizado algumas vezes. Ocorreu mas percebi que em vez de fazer um drama enorme, querer zerar contador e atitudes que mais prejudicam psicologicamente, era possível administrar a situação, reconhecendo sim meu vacilo (até porque a debilitação do corpo e mente é imediata, você cai da plena potência da abstinência pra uma condição com sintomas que são os mesmos do estado do vício, tudo isso com uma "mera masturbaçãozinha" sem O) e voltar ao meu estado de abstinência (que, com o tempo, se torna o seu normal. Com o tempo o mais natural para você é não se masturbar nem querer pornografia: é algo muito bom). Mantendo-se limpo,

E isso foi um aprendizado. A ideia de que manter-se limpo é um trabalho de administração. E que se eu voltasse àquilo que foi minha vida durante meses - a abstinência de P e M - eu não cairia refém da compulsão e portanto configuraria que eu não recaí, mas apenas cometi um grave deslize. Em se mantendo limpo, logo os sintomas vão embora novamente e você retorna à plena potência vital que o reboot proporciona.

Vale destacar que pensei isso tudo baseando-se na minha experiência de ter deslizado com M (edging). Detalhe: M sem O. Eu não sei se eu conseguiria "voltar ao trilhos", como consegui, se tivesse deslizado em MO. E quanto a PMO, sinceramente eu acho que é quase impossível que esse deslize não se converta em uma recaída. Por isso, trate de instalar bloqueador no seu computador, para você evitar ter as quedas com P, que são sempre mais graves.

Enfim. Espero que minha concepção pessoal sobre como encarar isso tudo ajude vocês: não importa o que você fez, importa o que você fará daqui pra frente. Se daqui pra frente você ficou limpo, significa que não retornou à compulsão do estado de vício e, portanto, obviamente não recaiu.