Dias sem pornografia


sábado, 7 de março de 2015

Reboot, Recaída e Reboot: da escuridão à luz novamente.

Quero aqui relatar como foi meu primeiro reboot e como está sendo este segundo.

Entendi que o que me destruía a vida era a masturbação e a pornografia em novembro de 2013. Depois de ter tentado tudo, de Viagra a puteiros perigosíssimos, depois de correr por becos escuros como um viciado atrás de uma dosezinha qualquer de prazer, eu percebi: não tem mais nada pra tentar, só pode ser a masturbação e a pornografia que estão me afundando!

No Carnaval de 2014 conheci o fórum www.apoio.forumais.com, e tal possibilidade de apoio em língua portuguesa e o consequente entusiasmo me fez engatar uma sequência bem sucedida sem PMO, baseada numa disciplina diária anti-recaída (a qual postei aqui no blog).

Fiquei 109 dias sem PMO, em modo hard. Um celibato pleno. Nem bloqueadores eu usava, tamanha era minha convicção em me livrar daquilo de vez (mais tarde eu veria que isso é um erro). Quando fiz sexo após esse reboot foi algo incrível e posso dizer que perdi minha virgindade aos 28 anos, pois só ali descobri o quanto o sexo é incrível. Embora eu já tivesse feito sexo antes, não sentia prazer. Primeiro não conseguia gozar (ejaculação retartada), depois não conseguia ereção. Ambos sintomas de um vício em pornografia, que eu desconhecia. Então, aos 28 passei a desfrutar das maravilhas do sexo.

Porém, fui de um extremo a outro. Eu não tinha uma parceira fixa. A pessoa com quem transei após os 109 dias foi um sexo casual. Assim, do celibato, passei a procurar por parceiras para sexo de modo muito intenso. Eu desconhecia que após um sexo vem o efeito caçador, então pensava em arrumar sexo boa durante parte da semana, comportamento muito parecido com o próprio vício em pornografia. Aliás, eu era o primeiro membro do fórum a estar completando o reboot e portanto havia muitas dúvidas: "E após os 90 dias? Como fica?".

Ao mesmo tempo, do celibato eu passei a perceber minha capacidade de me aproximar de mulheres, e de mulheres muito bonitas. Passei até a ser xavecado por algumas. Novamente, de um extremo a outro: da total reclusão sexual a um cenário em que a soberba passou a me subir a cabeça. Passei a me sentir um super-homem, chovendo mulher pra mim (mas nada que eu engatasse um namoro...). Eu subi, subi, subi... e como numa montanha russa... quando começaram a vir os "nãos" da vida e das mulheres (a dificuldade de lidar com as frustrações), eu caí - mostrando que tudo que sobe sem consistência cai mesmo.

Antes disso, eu estava me achando livre do vício, irrecaível, porque passei dos 90 dias sem PMO. Então relaxei minha disciplina anti-recaída, entre elas o fato de ter voltado ao facebook, que é um mar de gatilhos e uma academia onde se malha o narcisismo.

Olho esse meu primeiro reboot com a seguinte analogia: imagine um carro de fórmula 1 que, após 109 dias pisando no acelerador no máximo (acumulando energias) e ao mesmo tempo no freio (celibato), de repente esse carro sai em disparada a uma velocidade muito alta, muito difícil de controlar. O ideal é que esse carro esteja num circuito próprio (ou seja, que você faça sexo regularmente, de preferência com a mesma mulher, canalizando sem riscos essa potência enorme que você de repente descobre ter). Ocorre que eu era um carro de fórmula 1 andando nas ruas comuns, sem um contato estável com uma mulher com quem eu pudesse canalizar minha energia sexual e não ficar nos altos e baixos emocionais da vida de solteiro. Como potência não é nada sem controle, então não demorou para eu colidir com um poste.

Se não ficou claro, talvez o relato de meu segundo reboot e suas diferenças para com o primeiro esclareçam as coisas.

Nesse segundo reboot muitas coisas foram diferentes. A começar que instalei bloqueadores nos meus computadores. Aprendi que é muito fácil ficar limpo quando se está bem, entusiasmado; o problema é que quando vem a queda é preciso ter um bloqueador que te livre de você mesmo e te impeça de recair em pornografia (que é mais grave que masturbação, embora esta também seja grave).

Em segundo lugar, eu estava com muitas dificuldades. Mesmo fazendo uma disciplina anti-recaída é muito mais difícil fazer um reboot pela segunda vez.
O vício volta mais forte após uma recaída pós-reboot. Esse foi um segundo aprendizado. E só consegui engatar uma sequência bem sucedida sem PMO após fazer uma viagem de quase 30 dias para o exterior, o que me colocou em ambientes onde eu nem lembrava de vício, contador, fóruns ou fantasias. Assim, consegui passar da barreira das 3 semanas, quando a compulsão é mais forte, e engatar minha atual sequência de reboot - a qual será a última, pois tenho ciência de que se recair de novo é provável que eu nunca mais consiga me levantar, pois quando se faz o reboot e se recai, fica cada vez mais difícil. Eu levei 6 meses para me levantar após minha recaída, 6 meses de inferno: me sentindo fraco, sujo, desleixado, sem concentração, sem rumo na vida, escravo da masturbação e de fantasias, incapaz de me relacionar com uma mulher, me sentindo impotente sobretudo em relação ao vício. Metade de um ano perdido, e sempre com aquele arrependimento de estar vivendo sempre no "dia 0" do contador novamente. Isso somado aos três meses de reboot, perde-se praticamente um ano inteiro para se recuperar de uma recaída.

Uma terceira diferença: já desde o dia 39 eu passei a me envolver com uma mulher e fazer sexo. Isso tem me ajudado muito! Não é um namoro, mas nos encontramos toda semana, e assim eu consigo canalizar minhas energias sexuais em algo estável, enquanto vou me recuperando dos danos que a pornografia e a masturbação me fizeram. Estou prestes a completar um mês saindo com essa mulher e minha vida nunca esteve tão boa, tão produtiva. Faço sexo em torno de uma vez por semana com ela, umas três transas, e isso me deixa tranquilo a semana inteira para que eu possa me concentrar em coisas produtivas. Uma mulher legal dá um up na vida de um homem. Uma mulher legal ajuda ainda mais um ex-viciado em pornografia.

Quarta diferença: a expectativa. Quando fiz reboot em modo hard, eu jogava tudo para o futuro. O futuro seria perfeito, pensava eu erroneamente. Criei uma expectativa muito grande, tão grande quanto a minha espera. Uma idealização do futuro, que se mostrou uma armadilha, trazendo as frustrações que me ajudaram a recair.

Agora, sinceramente, eu não estou nem aí para os 90 dias. Tanto faz se eu estou com 90 ou 360 dias sem PMO. A postura é a mesma: ficar limpo hoje, cuidar para eu me manter longe de P e M, até porque sei que se eu não me precaver quanto a P e M posso recair a qualquer altura do campeonato (mesmo com mais de anos sem P e M - seremos sempre viciados, embora com o vício em controle), e talvez nunca mais conseguir ficar limpo novamente se recair.

Digo que atualmente estou vivendo uma felicidade serena. Me sinto bem, muito bem, muito feliz mesmo! Mas não o super-homem de tempos atrás. Não quero ser o super-homem. Quero continuar como eu estou hoje! Quero que aos 400 dias sem P&M eu esteja como estou hoje. Vivendo bem. Portanto, não penso nos 90 dias. Eles são só uma data simbólica.

Tenho ciência de que o vício sempre vai tentar me passar a rasteira nos momentos de frustração, e por isso tenho tentado trabalhar minha capacidade de resiliência, de tomar um impacto e voltar ao normal. Aliás, o facebook está desativado. Enfim, eu não me acho mais irrecaível.

Hoje estou aos 67 dias sem MO e 70 sem P. Nos últimos 40 dias - quando os efeitos do reboot se fizeram presentes - eu tomei mais atitudes importantes (em relação ao trabalho, em relação a garotas que eu gostaria de me aproximar), fiz e criei mais coisas, fiz mais sexo (não tresloucadamente, mas estavelmente) do que nos últimos 10 anos da minha vida. Nunca minha vida esteve tão boa e ao mesmo tempo serena como agora. Humildemente espero cultivar isso, dia após dia.